segunda-feira, 20 de abril de 2009


Introdução
De repente surge entre os vários tons de verde da Floresta Amazônica, e o tom escuro do Rio Negro, um ponto vermelho, que trás junto com ele a insegurança do desconhecido e também o contempla mento perante tanta beleza. Eis então, “Jeca o palhaço caipira” no meio da maior Floresta equatorial do mundo, que é freqüentemente chamada de "Pulmões do Mundo".

A Experiência
Poder passar 12 dias entre em território amazônico, foi uma experiência única, onde me pegava varias vezes me questionando sobre a ação que estava para exercer ali. Estava será “eu” sendo mais um a contribuir com as mudanças ocorridas com aquele povo? Bem para esclarecer, fui parar no Amazonas através do “Projeto Amazonas” em seu primeiro ano, o qual tem a finalidade de realizar ações sociais, no caso assistência a saúde para a comunidade, e esse trabalho é desenvolvido por profissionais tais como: Dentistas, Enfermeiros, Fisioterapeutas, estudantes, professores e um palhaço. Acredito que devem estar se perguntando: - O que faz um palhaço ai no meio?
Pois é eu também me perguntei a mesma coisa, mas assim como no cinema nos filmes do gordo e o magro, onde eles aparecem em alguns filmes com roupas de prisioneiros, não por terem roubado e sim porque estava na hora errada no lugar errado, eu também como paspalho, só que ao contrario, estava na hora certa e no lugar certo, e acabei aqui entre tanta beleza natural, e descobri que entre lindas e diferentes árvores, flores, peixes, botos, enfim... existe um povo que se funde a essa beleza e esses são os tão famosos “Índios da Amazônia”, que o mundo todo já ouviu falar.
Existem hoje varias ONGs e instituições que são destinadas para cuidá-los, tendo em vista que assim como os animais e a floresta, eles também correm o risco de extinção. Não que deixarão de existir fisicamente, mas sim culturalmente.

O choque de Culturas
Desde que o homem branco pisou em terras brasileiras e se considerou donos dela, se achou no direito de impor aos verdadeiros proprietários, os índios, a sua cultura. E essa fusão forçada, apresenta já grandes resquícios como, por exemplo, a língua hoje, na maioria das comunidades por onde passamos o dialeto mais falado é o português, as vestimentas são iguais aos que se usam nas cidades, as músicas, são as que se ouvem nas rádios, a figura do pajé sai de cena e surge o Capitão, tipo um líder comunitário. Isso falando somente em cultura.


O Palhaço em ação

Em nosso primeiro dia de trabalho fomos, para a Casa de Saúde Indígena a “CASAI”, uma estrutura de atendimento à saúde indígena, La vários índios e de varias comunidades, estavam para ser medicados ou aguardando a oportunidade para retornar a sua comunidade. E para iniciar o trabalho eis que entra em cena “O Palhaço”, sim foi essa a escolha do grupo, a arte como uma forma de quebrar o distanciamento e a desconfiança. Apresentei meu espetáculo “ESPERANDO NA RODÔ”, uma comédia que até então por onde passara arrancava risos do público, mas ali foi diferente, pois os temas e os assuntos abordados nela são muitos urbanos, por exemplo: Terminal Rodoviário, La o meio de transporte é barco. Mas só me caiu a ficha em cena, e não foi de todo ruim e os risos surgiam com as atrapalhadas, e logo após apresentei umas esquetes onde busco a participação do publico e pra minha surpresa, eles entraram na brincadeira e as barreiras foram quebradas! E os trabalhos dos outros profissionais começaram a todo o vapor, percorri cada alojamento, levando a alegria do palhaço e no olhar e no sorriso de cada índio surgia à comprovação da aceitação de nossa presença.
E isso empolgou o palhaço, e depois de passar em todos os alojamentos, subi em minha perna de pau, e voltei aos mesmos, instaurando novamente a brincadeira com a magia do circo. Neste mesmo momento uma de nossas profissionais a professora e regente de coral “Crisnaga”, liga o teclado que levara e começa a tocar e cantar melodias, o poder da arte se completa e ao seu redor formou uma roda onde havia de crianças a idosos, todos envolvidos.
Para os dias seguintes, cheguei à conclusão que as intervenções e as gags, seriam a melhor forma de trabalho.

* “Casa Mamãe Margarida”, um local onde atende crianças especiais, como a APAE, perante a cultura indígena essas crianças ficavam escondias em casa, meio que abandonadas, porque para eles essas crianças não conseguiriam sobreviver e se defender perante a floresta, e com esse espaço essa realidade esta mudando. E o nosso trabalho foi realizado com êxito e com muito prazer.


* “Comunidade Nossa Senhora da Aparecida” (Estrada), essa comunidade quem solicitou nossa presença e nos apresentou foi a professora Emilia, que nos mostrou grande amor pela comunidade. La pela primeira, vez me senti realmente na “Santa Ceia”, Assim que chegamos fomos recebidos com uma apresentação da comunidade, feita pelo capitão em uma palhoça e logo após trouxeram os alimentos (peixe, biju, farinha, açaí) para que ceássemos com eles, o que me deixou emocionado foi saber que ali estava o único alimento que eles teriam no dia, e seguindo a cultura local, as autoridades, termos que recebem os visitantes, têm o direito de comer primeiro, depois os homens, em seguida as mulheres e as crianças, isso com um respeito enorme e um amor sem palavras, o trabalho ali foi grande e aprovei toso.

Rio Negro acima.

Enquanto o grupo realiava ações na cidade e comunidades circunvizinhas a São Gabriel, eu, Fernando, Crisnaga, Wanderley, Gabiela, subimos o Rio Negro, junto com o enfermeiro local, o paulista Marcelo Pascual e o José que nos conduziu pilotando a voadeira. Viagem cansativa, com uma parada pra descansar em uma praia de areia muito branca,

claro que aproveitamos para um banho e seguimos até a comunidade de Juriti onde ficamos alojados.
Foram quatro dias atendendo as comunidades ribeirinhas, trabalho abrangente, que veio a somar ao trabalho desenvolvido pelo enfermeiro que atende cento e cinqüenta comunidades ribeirinhas com a média de mil trezentos e cinqüenta pessoas, cada comunidade tem a distancia por volta de trinta minutos a ser percorrido por barco, e é assistida pelo enfermeiro duas vezes ao mês, e o médico duas vezes ao ano. Um dos dados espantosos é o grande número de atendimentos odontológicos que realizamos e podemos diagnosticar que cerca de 90% das comunidades estavam com grande parte dos dentes perdidos ou apresentavam caries. Outro fator é a pressão arterial onde o sal é muito consumido elevando– a.
Para piorar a situação a Amazônia fica em uma área de fronteira e o Rio Negro se torna rota de tráfico de drogas e os índios acabam sendo usados como laranjas, e muitas das vezes acabam como consumidores.
Outra situação que me chamou a atenção e por ironia talvez do destino, desde o momento que chegamos e com todos os coordenadores e profissionais com quem falávamos, ouvíamos dizer que a droga mais consumida entre os índios é a cachaça. E para a tristeza deste palhaço e dos demais do grupo, a cachaça mais consumida, tem a origem e leva o mesmo nome da cidade de deste projeto de ação social: Pirassununga.


Projeto Amazonas
Coordenador: Fernando Lubrechet.
Odontologia: Renata Scatolin, Renata Colturato, Wanderley Scatolin, Bruna Kotake.
Enfermagem: Anna Carolina Silva, Bruna Falbo, Gabriela Scatolin, Naila Oliveira.
Fisioterapeuta: Tânia Batistella Ferreira.
Prefessora e Regente: Cristina Nagayoshi Alves- “Crisnaga”.
Advogado: Carlos Rodrigo Kazu Tagamori.
Estudantes: Felipe Trevisan Ortiz, Frederico Tangerino, Gustavo de Godoy, Ricardo Gaus Filho.
Profissionais liberais: Marcos Pelais, Samuel Aflalo.
Ator e Palhaço: Reinaldo Facchini.


Agradecimentos aos joves e novos amigos: Nadia, Jefferson paraibinha,Dαyliиє, Cristenes , Willian da dançinha ,Jefferson o pipoca, Deyson cabelo moicano, Cristian. Pelo carinho recebido, abraços e saudades...