quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

A Nobre arte de "SER PALHAÇO"

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Dia 10 de dezembro dia do Palhaço!!!

Não teria data melhor para iniciar este Blog, então aproveito para falar um pouco sobre essa nobre arte...




A origem do Palhaço?

Pesquisas feitas com pinturas de cerca de 5.000 anos na China, mostram algumas figuras de acrobatas e equilibristas. A partir dessa descoberta, surge a hipótese de que o circo tenha nascido em terras chinesas. Outra evidência disso é que na época, os guerreiros utilizavam a acrobacia como forma de treinamento para dar mais agilidade e força durante as guerras.
Na Grécia, eles eram chamados de stupides e os cicirus, depois vieram as denominações, os bobos da corte, grotescos, saltimbancos, e os fools.

Na commedia dell'arte apareceram, de certa forma, resquícios da dupla de cômicos, os zanni, servos da commedia dell'arte, cuja relação se aperfeiçoará nos palhaços. A eles cabia a tarefa de provocar o maior número de cenas cômicas, por suas atitudes ambíguas e suas trapalhadas e trejeitos. Existiam dois tipos distintos de zanni: o primeiro fazia o público rir por sua astúcia, inteligência e engenhosidade. De respostas espirituosas, era arguto o suficiente para fazer intrigas, blefar e enganar os patrões. Já o segundo tipo de criado era insensato, confuso e tolo. Na prática, porém, havia uma certa "contaminação" de um pelo outro. O primeiro zanni é mais conhecido como Brighella, e o segundo como Arlecchino.

O palhaço, como conhecemos, surgiu junto com a formação do circo, por volta do ano de 1776, onde os espetáculos seguiam rígida disciplina militar, a caixa dava o ritmo e tudo corria num tempo exato. Para quebrar essa estrutura e assim valorizar a peripécia de seus artistas surge o primeiro palhaço, o recruta atrapalhado, o contraponto.


O que é o Palhaço?

Diferente dos Bozos, Ronalds Mcadonalds, animadores de festas, o palhaço ou Clown (termo inglês):
É um estado de espírito!

Para ser um bom palhaço, dizem os grandes mestres da Palhaçaria, que:
“Precisamos Saber quem somos”.

O caminho é o auto conhecimento, aceitar os seus ridículos, rir disso e oferecer generosamente ao outro. ”É preciso perder a dignidade pra poder alcançar outro grau de dignidade, onde a generosidade e a fragilidade se fazem presentes”. Contudo, para alcançar esta plenitude, é preciso estar livre das máscaras sociais que adquirimos com o passar do tempo. Um bom exemplo, são as crianças por volta de seus cinco anos - a forma como elas se comunicam com os pais e irmãos, é a mesma como se comunicam com o padeiro da esquina, amigos e outras pessoas de suas relações. Nesta fase, geralmente, elas são livres, soltas, criativas, sem terem sido contaminadas pelas sutilezas ou conveniências sociais. Inquietando o mundo com sua franqueza espontânea. Lembram -se da história da Roupa nova do Imperador? É este olhar sincero, preciso, inconformado, a desvelar não apenas a nudez do rei, mas toda uma farsa ideológica.

Por isso, para o palhaço, as crianças são professores, já que aquele é um observador da vida.

ELE está sempre pronto para captar um flagrante que para os outros passaria despercebido.

Para as Crianças então, ele é uma face de sua própia identificação, um prêmio para alma, imagem que permanece no seu mundo pelos anos afora!
A elas que começam a aprender a se relacionar com a ordem e as regras básicas da convivência em sociedade, o palhaço é um cúmplice. Ele se atrapalha, ele não sabe, ele erra. Então a criança ri porque se identifica, e ao mesmo tempo começa a exercitar seu olhar critico. Rindo ela se sente inserida no mundo das regras.

O palhaço pode significar uma porção de coisas. Para alguns, apenas um idiota pintado, para outros, um artista que faz rir... Mas ele significa muito mais que isso...

O palhaço sempre existiu! Sujeitos atrapalhados, lesos, capazes de espertezas infantis, ágeis e “songa” ao mesmo tempo. O palhaço é uma mentira. Ele é bobo esperto. Romântico, lírico e capaz das maiores vilanias. Ele pode ser cruel e delicado, ingênuo e pícaro.

O palhaço veio de um lugar onde o riso desfaz as tensões e aproxima o homem.

O palhaço é a exposição do ridículo e das fraquezas de cada um. Logo, ele é um tipo pessoal e único.

O palhaço é a mais enlouquecida expressão do cômico.

O palhaço é anárquico por natureza.

O palhaço não representa, ele é!

O que faz lembrar os bobos e os bufões da Idade Média. Não se trata de um personagem, ou seja, uma entidade externa a nós, mas da ampliação e dilatação dos aspectos ingênuos, puros e humanos, portanto "estúpidos", de nosso próprio ser. François Fratellini, membro de tradicional família de palhaços europeus, dizia: "No teatro os comediantes fazem de conta. Nós, os palhaços, fazemos as coisas de verdade."

O trabalho de criação de um palhaço é extremamente doloroso, pois confronta o artista consigo mesmo, colocando à mostra os recantos escondidos de sua pessoa; vem daí seu caráter profundamente humano.

O espanhol Alex Navarro dá alguns exemplos dessa afinidade entre a criança e o palhaço. Vejamos:

Querem ser amadas por seus pais e em geral pelo mundo inteiro. O palhaço pelo seu público.

Querem ser como os adultos e tratam de imitá-los. O palhaço faz o mesmo: deseja integrar-se e tentará parecer-se com as pessoas “adultas e normais”.
São espontâneos e não têm senso do ridículo.

Expressam suas emoções ao máximo e podem passar instantaneamente de uma para outra.

Se uma criança dessa idade, por exemplo, bate com um brinquedo em um móvel, pára um momento e olha seu pai ou sua mãe (para o palhaço, compartilhar com o público). Se seus pais riem, muito bem (êxito), isso significa que deve seguir batendo com o brinquedo; se não riem (fracasso), deve bater com mais força ou então buscar outra maneira, quem sabe bater em outro móvel ou bater no mesmo móvel com outro brinquedo. As crianças, sempre que fazem algo, olham o adulto para compartilhar e buscar sua cumplicidade. Suas atitudes depois dependerão da reação do adulto.

São tremendamente curiosos e qualquer coisa pode surpreendê-los e aluciná-los. Capacidade de assombro do palhaço.

Se lhe dão um brinquedo caríssimo podem tirá-lo da caixa, deixá-lo de lado e passar horas brincando com a caixa e o envoltório. É o mundo ao contrário do palhaço.

Os palhaços são todos iguais?

Cada Palhaço tem sua identidade. O palhaço tem suas roupas largas demais, ou curtas demais, porque estas não as pertenciam; o mesmo acontece com os seus sapatos.

Mas o figurino de um palhaço deve ser o que mais o revela!

O nariz é vermelho, pois quando choramos, ele fica vermelho. Se bebemos ou caímos, o nariz também sinaliza enrubescido.

Infindáveis são os tipos de palhaços que existem ou ainda existirão, pois são como a vida: inusitados, loucos, apaixonantes e insólitos! Mas a principio, essa espécie de artista se classifica em duas ramificações oriundas de dois tipos fundamentais:

O Branco e o Augusto.
O palhaço branco é a encarnação do patrão, o intelectual, a pessoa cerebral. Tradicionalmente, tem rosto branco, vestimenta de lantejoulas (herdada do Arlequim da commedia dell'arte), chapéu cônico e está sempre pronto a ludibriar seu parceiro em cena. Mais modernamente, ele se apresenta de smoking e gravatinha borboleta e é chamado de cabaretier. No Brasil, é conhecido por escada. Um exemplo de branco é Dedé Santana, e o Renato Aragão seria o augusto no Brasil, tony ou tony-excêntrico é o bobo, o eterno perdedor, o ingênuo de boa-fé, o emocional. Ele está sempre sujeito ao domínio do branco, mas, geralmente, supera-o, fazendo triunfar a pureza sobre a malícia, o bem sobre o mal. A relação desses dois tipos de palhaços acaba representando cabalmente a sociedade e o sistema, e isso provoca a identificação do público com o menos favorecido, o augusto. outro exemplo Stan Laurel e Oliver Hardy, mais conhecidos popularmente como o Gordo e o Magro, sim, todos eles palhaços de cara limpa, como também outros mestres de nossa história Charles Chaplin, Buster Keaton entre muitos outros...
No Brasil, além dos já citados, tivemos grandes palhaços como Arrelia, Piolin, Carequinha, Mazzaropi, Oscarito, Benjamim de Oliveira (primeiro palhaço negro do Brasil), entre outros.
Hoje temos na nova geração: Luiz Carlos Vasconcelos (palhaço XUXU - PB), Marcio Libar (palhaço CUT-CUT/RJ), Teatro de Anônimo (RJ), Eduardo Andrade (palhaço Dudu-RJ), Léo Carnevale (palhaço Chodó-RJ), Os Parlapatões (SP), Galpão (MG), Lume (Campinas –SP), Pé de Vento (Florianópolis-SC), Adelvane Néia (palhaça Margarida - Campinas –SP), As Marias da Graça (grupo de palhaças-RJ), Os Irmãos Brothers (RJ), Ieda Dantas (palhaço Dr. Giramundo-RJ), Fuzarca da Lira (RJ), Cia dos Gestos (RJ), Ana Luisa Cardoso (palhaça Margarita- RJ), As comediantes(RJ), Mônica Muller(palhaça Lili Penteado- RJ), Ângela Castro(RJ), Claudia Câmara(palhaça Julia Koko- RJ)entre outro muitos espalhados por esse enrome BRASIL...
Alem dos internacionais como Leo Bassi (Itália), Tomate (Argentina), Pepe Nuñez (Espanha), Chacovachi (Argentina), entre muitos outros por este mundo a fora que seria impossivel citar aqui...

Da região do Vale do Mogi (suldeste de São Paulo), temos o ator e palhaço Reinaldo Facchini o Palhaço Jeca de Pirassununga, Facchini precisou ir ao Rio de Janeiro para descobrir-se caipira e perceber que a riqueza cultural não é a exclusividade que a grande mídia divulga e patrocina em suas publicações. Descobriu o arcabouço valoroso de suas origens e trouxe à tona o seu palhaço, impregnado da poesia e da ingenuidade do homem da roça.

Desta forma, pretende, difundir os ensinamentos adquiridos de seus mestres de palhaçaria, fazendo de suas virtudes, e principalmente de suas imperfeições, a matéria-bruta do ridículo (risível) a tornar-se arte no exercício da palhaçaria.
O palhaço caipira “JECA”, fez sua escola junto à Trupe Circulante (Leme-SP) com Henrique Andrielli, e no Rio de Janeiro, com os Mestres: Marcio libar, Luis Carlos Vasconcelos, Juliana Jardim, Grupo Teatro de Anônimo, Grupo Valdevinos de Oliveira (Léo Carnevale, Fabiana Poppius, Fabio Freitas).

O palhaço Jeca, hoje se apresenta nos mais variados espaços por esse Brasil afora, está com o seu novo espetáculo solo “Esperando na Rodô”, que é um dos produtos resultantes de sua pesquisa

“Projeto CLOWMPIRA”.


Para saber mais sobre este projeto visite o site:




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